sexta-feira, 20 de março de 2009

Quem disser que é fácil, tá mentindo.


Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano, não dei.

Parece que a vida tirou este ano pra me calejar, pra me testar, pra me fazer aprender na marra, pra cobrar meus pecados, pra ver até onde eu agüento, ou coisa do tipo. É um soco atrás do outro. Não sei se tenho esta força toda...
Para justificar isto, eu nem preciso dizer tudo o que me aconteceu de janeiro pra cá, basta que eu cite os acontecimentos desta semana.
Terça-feira eu estava voltando do trabalho e caiu uma tempestade imensa, daquelas que não dá pra enxergar um palmo a frente. Eu tava sozinha numa rodovia sem acostamento e a parte elétrica do carro deu pane, fazendo com que o carro simplesmente empacasse em meio ao temporal, na curva, em um lugar onde os caminhões passavam a 100 km/h. Como se não bastasse começou a sair fumaça dentro do carro e pra piorar a trava elétrica e o vidro não se moviam do lugar, ou seja, fiquei presa no carro, em meio a fumaça, e lá fora os carros, caminhões, ônibus, passavam por mim buzinando e desviando em cima do meu pequeno veículo. Até o pisca alerta não funcionava. Nem preciso dizer que nessas horas o celular não pega. Pouca desgraça é bobagem. Passei minutos de pânico, achando que ia morrer ou asfixiada ou esmagada. Como meu santo é forte, enviou um ônibus pra me salvar. O busão veio numa velocidade incrível, se aproximando cada vez mais, quando o motorista me viu e freou. Como que um milagre, parou a dois centímetros do meu carro. O cara desceu e foi ver se tinha acontecido alguma coisa e me encontrou lá dentro. Entortou a lataria do carro e me tirou de lá. Chamou o guincho e seguiu seu caminho. Depois, tudo se resolveu. Tirando o fato de que tive que gastar dinheiro com o carro, no momento financeiro mais crítico da minha vida, o lado bom é que estou viva, e inteira. Não foi desta vez. Mas o susto foi grande. Meu marido cansou de me dizer que trabalhar longe é perigoso, coisa e tal, e eu teimosa insisto. A verdade é que eu poderia trabalhar perto se fosse pra fazer algo diferente do que realmente quero para a minha vida. Como é difícil correr atrás dos sonhos. E perigoso também. Às vezes fico pensando até onde vale a pena pagar o preço.
O outro fato aconteceu a menos de uma hora atrás. Na verdade vem acontecendo há um tempo, mas acabou de se efetivar. Minha irmã, de dezoito anos que mora comigo e com meu marido, acabou de sair de casa pra morar com uma colega que ela conheceu há uma semana. Tudo por orgulho, por não gostar do meu marido. O orgulho nos faz tomar atitudes que decidem o caminho das nossas vidas. Quem ler isto não é capaz de imaginar o que isto significa pra mim, o que ela significa pra mim. Eu sempre soube que não se pode ter tudo, mas gostaria que esta regra não incluísse as pessoas a quem amamos. O vazio que sinto é tão grande que adormece a ponta dos meus dedos, me deixa em um estado de transe emocional, me tira a paz.
Dá até medo de levantar da cama e tocar o dia, mas não posso me retirar da luta. Por isto digo que viver não é uma tarefa fácil. O tempo, grande mestre curador, se encarrega de muitas coisas, mas enquanto isto a garganta dói, e o peito, nem se fala...

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