sábado, 7 de março de 2009


Na semana do carnaval, com a ajuda da terapeuta ocupacional, tentei organizar na clínica uma gincana para que os pacientes pudessem participar de algo que os descontraíssem, distraíssem, algo que fizesse com que eles se movimentassem, se integrassem, enfim, algo mais leve para eles.
No começo estava dando certo, mas eles desistem muito fácil. Não há tolerância alguma à frustração, e o espírito de disputa deles está mais ligado à rivalidade do que à competitividade. Sem contar a indisciplina e a falta de limites. Tudo isto apareceu e atrapalhou a atividade, mas não ficou ao acaso, é tratado como sintoma, é trabalhado com eles.
No encerramento das atividades da gincana, fizemos uma dinâmica com o objetivo de focar os sentimentos bons, as qualidades a serem acrescentadas às relações, com a finalidade de reforçar o que há de positivo neles.
Para tanto, foi distribuída uma folha sulfite para cada pessoa, que deveria recortar a folha em quatro partes. Em cada parte deveria expressar (sem escrever) um sentimento que gostaria de trocar com o grupo. Foi levantada a questão:
O que você tem de bom e gostaria de trocar com o grupo?

Feito isto, eles foram orientados a caminhar pela sala, com as cartas viradas para si e na medida em que encontrassem com outros colegas, deveriam trocar as cartas, até substituir todas as suas. Terminado este procedimento, foram divididos dois grupos, onde cada deveria reunir todas as cartas dos participantes e contar uma história organizando as cartas em seqüência.
Realizada a exposição da história, abrimos uma discussão sobre os sentimentos mencionados, sobre a necessidade do grupo em trocar energias positivas e a abertura individual de cada um para receber algo bom do outro, aceitar o bem. Foi bem legal, eles gostaram do resultado e mostraram-se satisfeitos com a atividade e com a produção de cada grupo.
Uma variação desta atividade seria oferecer folhas coloridas para que eles pudessem escolher entre elas. As cores poderiam representar características sintomáticas da doença, servindo de referencia para uma discussão mais aprofundada sobre o assunto. Exemplo:
* As cartas azuis representam alguém com pensamentos rígidos, repetitivos, e com dificuldades em fazer escolhas.
* As cartas vermelhas representam incapacidade para relaxar, sentimento de culpa, ansiedade. Alguém que tem um medo consciente ou inconsciente de não ser capaz de permanecer sóbrio.
* As cartas amarelas referem-se a comportamentos impulsivos. Pessoa que evita tudo o que possa forçá-lo a uma honesta olhada em si mesmo.
* As cartas verdes simbolizam o desejo imaturo de ser feliz. Deseja que as coisas melhorem sem ter que pagar o preço. Autopiedade. Ressentimentos.
* Marrom: falta de satisfação com a vida, não consegue sentir prazer nas coisas simples. Tem dificuldade em sentir. Sente demais ou de menos.

A reflexão neste sentido, seguiria as seguintes indagações: Qual sentimento seria bom para pessoa superar este momento? O que ela deveria fazer para evoluir? Quais trocas seriam importantes pra ela?

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