domingo, 4 de janeiro de 2009

ORGULHO

Em N.A. fala-se em defeitos de caráter. Dentro dos princípios da irmandade, trabalhar os defeitos de caráter, significa visar à firmeza moral, que sustenta princípios, que definem as escolhas. O caráter é a soma de nossos vícios, hábitos e virtudes. Aristóteles escreveu sobre o assunto: “A virtude moral é uma conseqüência do hábito. Nós nos tornamos o que fazemos repetidamente. Ou seja: nós nos tornamos justos ao praticarmos atos justos, controlados ao praticarmos atos de autocontrole, corajosos ao praticarmos atos de bravura”. Portanto, o caráter é formado pelas nossas escolhas, no dia-a-dia. Chico Xavier disse: “Não é possível fazer um novo começo, mas qualquer um pode recomeçar agora e fazer um novo fim.” Por ser hoje o melhor dia para decidirmos escolher a coisa certa, decidimos falar sobre o orgulho, um dos defeitos de caráter muito presente no comportamento do adicto.Para explanar o tema, o grupo foi dividido em dois e cada subgrupo fez um cartaz relacionando sentimentos e situações ao orgulho.
Falaram de superioridade, frustração, auto-aceitação. Todos identificaram o orgulho como sendo um sentimento que prejudica a recuperação. Identificaram que o orgulho em excesso pode se transformar em vaidade, ostentação, vanglória, soberba e egoísmo.
Nos cartazes, colocaram a pessoa orgulhosa como aquela que diz: “sempre fui assim e não vou mudar meu estilo”. Em muitos pontos se identificaram com um ego orgulhoso, no sentido de não aceitarem críticas, de não dar o braço a torcer. A pessoa orgulhosa fica estagnada na falsa posição de superioridade e defende suas idéias não porque acredita nelas, mas porque são suas. O grupo levou à reflexão também, a razão de ser do orgulho, como fruto do medo de sentir-se vulnerável, da falta de confiança em si, do sentimento de inferioridade, entre outros.

Após aprofundarmos em questões pessoais, trabalhamos em cima de ferramentas para evitar um ego orgulhoso. A linha de raciocínio derivou do seguinte:
Pare de sentir-se ofendido. Significa que a atitude dos outros não pode determinar o seu humor ou o seu comportamento. Quer dizer também que se procurar por situações que o aborreça, as encontrará em cada esquina. É necessário entrar em sintonia com um Poder Superior, buscando a serenidade, e Paz.
Abandone o querer vencer. O ego adora nos dividir entre ganhadores e perdedores, mas é impossível vencer sempre. É necessário apreciar a vida sem a necessidade de ganhar um troféu. Não há perdedores em um mundo onde todos compartilham da mesma fonte de energia.
Abandone o querer estar certo. Cessar a necessidade de ter razão nas discussões e nos relacionamentos é como dizer ao ego: “não sou seu escravo”. É melhor ter paz do que ter razão.
Abandone o querer ser superior. A verdadeira nobreza não é uma questão de ser melhor que os outros. É uma questão de ser melhor ao que você era. ”Somos todos iguais aos olhos de Deus”. Não se vanglorie com a falha do outro.
Deixe de querer ter mais. O ego nunca está satisfeito. Não importa o quanto conseguiu, ele insiste que ainda não é o suficiente. Na realidade você já está lá e a forma que opta para usar o momento presente é uma escolha. Você pode escolher o desapego de razões egoístas.
Abandone a idéia de você baseado em seus feitos. Seja grato. Peça ajuda. Acredite na presença de Deus fortalecendo suas realizações. Aceite seus erros.
Deixe sua reputação de lado. Sua reputação reside na mente dos outros, você não tem controle algum sobre isso. Ao preocupar-se em como está sendo visto pelos outros, mostra que seu eu está sendo guiado pelas opiniões alheias. É o seu ego no controle. Você não precisa desperdiçar sua energia provando ao outro o quanto é capaz e poderoso. Guie-se sempre pela voz interior.

Para mim, é enorme o crescimento pessoal e profissional que surge da relação que tenho com meus pacientes. É muito rico, é muito incrível. Hoje por exemplo, percebi algo que vem acontecendo e pude usar isto como ferramenta na discussão deste tema. Percebi que há muito tempo, eles estão me desafiando e perseguindo oportunidades para aproveitar as minhas palavras mal colocadas para apontar como eu também erro, como sou falha. Não apenas imagino, como também sinto, o quanto é difícil para eles a mudança, abrir mão das próprias vontades, fazer diferente. Nas tentativas frustradas, seus sentimentos de incapacidade, de inferioridade parecem vir com força total, sendo capaz de ofuscar qualquer progresso. E neste momento eles buscam com afinco formas de dizer o quanto o outro também erra, para que seu erro torne-se menor.
É muito difícil trabalhar se eu também não admitir meu erro, se eu também não me reconhecer humana, se eu não aceitar minhas quedas. E as quedas - como as de Cristo que várias vezes caiu ao peso da cruz – são estas quedas que começam a fazer minha vida, que me possibilitam ser psicóloga.

Um comentário:

  1. Os seus 7 ítens de combate ao ¨mal¨orgulho, fazem recordar o filósofo argentino, José Ingenieros, em seu livro ¨O Homem Medíocre¨. Apenas para ilustrar, permita-me transcrever 3 linhas: ¨Os idealistas sóem ser esquivos ou rebeldes aos dogmatismos sociais que os oprimem. Resistem à tiranis da engrenagem niveladora, aborrecem toda coação, sentem o peso das honrarias com que se tenta domesticá-los, e torná-los cúmplice dos interesses criados,dóceis, maleáveis, solidários, uniformes, na comum mediocridade¨.

    Nem o livro mencionado é medíocre, nem você é subversiva. Gostei .( o idealista abomina aplausos)

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